Os começos são um tempo fascinante. Parece óbvio dizer que em cada início se escondem oportunidades de recuperar tempos perdidos e espaços descuidados. No fundo, o início é marcado por novos caminhos mas, ao mesmo tempo, é um regresso a coisas antigas. Fazemos o mesmo que normalmente fazíamos, mas encontramos uma energia que nos desperta para o compromisso.
O desafio para este mês inicial do ano académico ou de trabalho é precisamente preencher o nosso espaço de coisas importantes. Para isso, são necessárias duas atitudes: a de saber o que verdadeiramente interessa e a de querer fazer descer a vida à nossa profundidade.A vida é uma teia de acontecimentos e desejos, que nos movem cada dia para paisagens inesperadas.
Contudo, é muito importante termos claro aquilo que não podemos deixar para trás, os nossos tempos e lugares de paragem e sabor. Cada um encontrará aquilo que significa este tempo ou este espaço: oração, tempo para conversas mais pessoais, dedicação a alguém em particular, ler, escrever, etc. Se lhe dedicarmos tempo e espaço cada dia, acabamos por voltar ao entusiasmo, encontramo-nos numa espécie de repetição rítmica dos nossos desejos profundos.
A segunda atitude de fundo é aquela de podermos descer à nossa profundidade e tomarmos o pulso dos acontecimentos. É muito saudável termos tempo e espaço para saborear o que acontece, ajuda-nos a falar em primeira pessoa nos acontecimentos de cada dia, sem nos deixarmos arrastar pela pressa, pelo stress, ou pela velocidade do que vai acontecendo. Assim, em momentos de solidão e silêncio, deixamos falar aquilo que é mais importante: a qualidade interior do que somos e do que fazemos.
No início do meu ano, que aspectos são essenciais na vida do dia-a-dia? Onde é que antes perdi o meu tempo, para que hoje o possa encontrar? Sinto necessidade do silêncio dedicado à profundidade do meu dia? Sou capaz de ter este tempo?
In: www.essejota.net (um site a visitar)